Quem nunca ouviu falar de Alice no País das Maravilhas? Quem nunca assistiu aquele desenho da Disney, com seus personagens fofinhos e tudo o mais? Mas quantas pessoas sabem que Alice não é só isso? Quantas versões tenebrosas de Alice passaram a pipocar por aí?
Creio que muita gente, como eu, conheceu Alice pelo filme da Disney. O livro fez sucesso, não tanto quanto os filmes, e Lewis Carroll criou um novo sentindo para a palavra nonsense, que hoje é mais utilizada para histórias de comédia. Nonsense era uma história sem sentido, com gatos falantes, comidas que faziam você crescer e por assim vai. Todas as histórias de Carroll que eu vi tinham esse toque.
O filme da Disney pegou um pouco dos livros (Alice in Wonderland e Through the looking-glass and what Alice found there) e criou um filme mais leve, mais infantil. Isso foi em 1951. Seu enredo, sua trilha sonora e tudo foi voltado para o público infantil, mostrando uma Alice criança, sonhando com aquele país enquanto estudava com a irmã. O Gato de Cheshire não é tão intimidador quanto o livro e Alice mostra não sentir medo de nada, por sua curiosidade e inocência infantis.
Mas existiram várias versões de Alice ao longo dos anos. O primeiro foi lançado em 1903 e apenas 10 minutos foram salvos depois de cem anos (o filme foi restaurado em 2010). Era um filme mudo, em preto e branco, e apesar do filme não ter uma qualidade muito boa, os efeitos o tornaram quase psicodélico. Em 1903, isso era quase uma evolução.
Atualmente existem 22 versões de Alice in Wonderland para televisões. O último lançado, o Tim Burton's Alice in Wonderland, ficou mais conhecido por ter um nome famoso como o de Burton, prestigiado por seus filmes de suspense (Edward Mãos-de-Tesoura) e com toques mais infantis (A Noiva-Cadáver).
Nesse filme, Alice está crescida, é uma adolescente, e seu país não é apenas um sonho. Ele é real, palpável e perigoso. O Gato de Cheshire teve uma parte de suas características de volta (seu enorme sorriso cheio de dentes e sua habilidade de sumir e aparecer de um jeito mais fiel ao livro) e o Chapeleiro Maluco faz algumas menções de querer ter algo com Alice (presente na fala "por que você é sempre pequena demais ou grande demais?") Novos personagens são incluídos, como o Valete (no livro ele é acusado de ser um "ladrão de tortas"), Capturandam e o temido Jaguadarte (no livro, faz-se menção ao Capturandam e de Jaguadarte em um poema que Alice não entendeu, e mais tarde por Tweedledum, como "o corvo").
"Estava escurecendo tão de repente que Alice achou que uma tempestade devia estar chegando. 'Que nuvem grossa e negra aquela!' disse. 'E como vem depressa! Ui, parece que tem asas!'
'É o corvo!' Tweedledum gritou com uma voz estridente de susto. E os dois irmãos saíram em disparada e num instante tinham sumido de vista." (Through the looking-glass and what Alice found there, capítulo 4, pg. 220)
Além disso, jogos começaram a ser lançados, mas Alice não é mais apenas um conto infantil. O jogo Alice American McGee's destaca isso muito bem. O jogo começa com uma Alice adulta, furiosa e louca. Seu sonho havia se tornado real em sua mente e isso acabou a enlouquecendo. O Gato de Cheshire não é mais bonitinho. E esse definitivamente não é um jogo para criança alguma.
Outro jogo, Alice is Dead (feito em 3 episódios), mostra uma Wonderland destruída, Alice morta e também não é um jogo para crianças. O Coelho é o principal culpado.
Várias músicas de Vocaloid mostram um país nada bonito e nem um pouco infantil. Alice Human Sacrifice e Alice in Dreamland são as principais, onde Alice é enganada e obrigada a ficar no país para sempre. Outras músicas fazem referência ao país como se fosse uma coisa má, que não deveria estar ali.
Mas por que tudo isso? Por que um conto infantil, contado à bordo de um barco, ganhou proporções tão estupendas e tão tenebrosas? Lewis Carroll deixou milhares de portas abertas. Deixou caminhos para que isso acontecesse. A história de Alice pode ser tão distorcida, tão mudada, e mesmo assim continua com o mesmo contexto. Uma garota correndo atrás de um coelho e caindo em um país incrível, sobrenatural, onde tudo pode acontecer.
Isso deveria acontecer em um conto infantil? Alice poderia ser tão distorcida, ganhar tantas versões? Na teoria, não. Na prática, a coisa é bem diferente. Parece que, de propósito, Carroll deixou essas aberturas para tantas mudanças. Deixou espaço para Alice crescer e descobrir o que era, realmente, sua Wonderland. Apenas um pesadelo distorcido querendo ganhar espaço, querendo corromper a mente da pobre Alice e tomá-la para si.
Você ainda quer visitar Wonderland? Então bons sonhos...
Aceita uma xícara de chá?
(PS.: Se copiar, por favor, coloque os créditos. Grata. E isso não ficou tão bom quanto eu queria.)
3 comentários:
d+ ate eu queria fazer uma versao
mas agora vejo q isso eh mais complexo
que talvez a mente mais aberta do universo
naum poderia melhorar contato
fernandonirvanna-live@hotmail.com
eu acho que a historia da Alice não tem nada de tenebroso
Eu queria saber o que o gato risonho de Alice tem de mal, pq eu ouvi por aí que ele é sinistro por algum motivo mas eu não sei. Ele as vezes dá medo mas o que é de tenebroso nele?
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